segunda-feira, 7 de julho de 2014

Cansei daqui. Ultimamente me irrito com qualquer futilidade, e a dificuldade de postar, editar e usar o blogspot na plataforma que me é unicamente disponível, me estressa, e eu não preciso de mais estresse, por isso agora estou no Tumblr. Acompanhe minhas lamúrias nada diáfanas no juangalvao.tumblr.com

quinta-feira, 27 de março de 2014

Vezes

Acabo perdendo meus sorrisos, às vezes, quando necessito sentir-me extremamente vivo. O pequeno trevo, que um dia fora motivo de poema, hoje, seu vaso jaz seco, como árvores de inverno, e talvez, naquela época, meus sorrisos, tão verdadeiros, fossem mas fáceis de acontecer. 

Eu não sei bem como lidar com o caso, o passarinho chora por vida. 

Tem dias que acordo e agradeço, na verdade, na maioria das vezes. E nos raros dias, simplesmente esqueço, daí sinto gosto de Melissa.
Às vezes o que mais preciso, é do silêncio e da música que as árvores cantam no outono, até silenciarem de uma vez, quando suas folhas caem.

Clamo por socorro já à algum tempo.
Algumas vezes invejo alguém, mas é só por alguns instantes.

Quando tudo isso acabar, vou sorrir e dizer: ah, como eu era bobo!


quarta-feira, 12 de março de 2014

Os meus momentos

A professora gritou o tempo determinado para que nossas receitas estivessem prontas, no prato e decoradas. Minha sopa de legumes American Bounty não parecia ser difícil, mas cortar todos os legumes em brunoise num determinado tempo realmente não colabora com a perfeição. Foi muito estresse, correria e canseira, cheguei a pensar que se todos os dias fossem como foi ontem, talvez eu não alcançaria o diploma. 
Então, depois que o Pablo chegou do trabalho, fomos até o Pão de Açúcar, que eu me apaixonei novamente, tanto pelo mercado quanto pela gastronomia. Saboreei o perfume de TODOS os queijos; encantei-me pelas panelas francesas de ferro, que são lindamente alaranjadas (são mesmo francesas?); deixei que as cores das frutas e flores, colorissem minha tristeza que insiste em me irritar; observei as velhas ricas tomarem seus cafés importados e desejei saber sobre a vida de todos os que esquecendo de seus problemas, mantinham a mesma expressão despreocupada entre os chás ingleses que eu gostaria muito de provar, mas prefiro meus rins. Por fim, comprei os ingredientes necessários (mais tarde eu descobri que faria massa de macarrão), e uma sacola de rodinhas simpática que facilitou demais minha vida.

Hoje tomei apenas um chá de frutas silvestres quando acordei, vesti a calça xadrez e desci para onde a van sempre me pega. Fizemos a massa do macarrão e aprendemos a tornear legumes, tudo numa paz tão boa, que me senti idiota por pensar no que pensei, pelo menos, percebi que gosto mais disso tudo do que me julguei gostar.
Na aula de história da gastronomia, aprendemos mais sobre os egípcios, gregos e romanos, com a professora mais amável do mundo. Ela tem um sebo online, e sempre leva uma sacola cheia de livros adoráveis sobre gastronomia, e eu, compro impulsivamente é claro, quem resiste a livros baratíssimos?

Depois que todas as aulas do dia acabaram, fui até a biblioteca comer frutas trazidas de casa, ouvir música, pensar, escutar a conversa dos outros, e por fim, fazer trabalho, nos computadores arcaicos que a faculdade dispõe. Quando já não tinha mais o que fazer, esperei sentado num dos bancos rústicos  em meio as árvores, até que desse o horário de ir embora, refletindo sobre minha vida, quando cheguei a uma conclusão e decidir começar a escrever este post, o qual termino na sala de espera da clínica do meu médico. 

Espero ansiosamente pelo frescor do outono. Bom final de verão.





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Rotina

Acordei quando o sol nasceu, meu antebraço esquerdo congelando, metade da coberta no chão; levantei estabanado e desliguei o despertador, abri a "janela" e deixei a brisa fria demais para o verão, lamber meus lábios. 
Depois do banho deixei que a água quente relaxasse meus ombros. Vesti meus jeans preto e a camisa de flanela xadrez acizentada, peguei meus materiais e desci pra cozinha. Sem muito apetite torrei um pão de forma integral e passei cream cheese. Fui sentir a manhã gelada de um típico outono na sacada, bebericando chá de camomila e anis.
O vento gelado demais obrigou-me a cruzar os braços. O frio me fez lembrar do passado, na época da oitava série, e desejei ter aproveitado mais. Dessa vez consegui sentar no ônibus, e perdi-me na cozinha de séculos atrás, no livro que a professora de história da gastronomia indicara.
Localizei meu grupo e fui até eles, coloquei a touca e adentrei-me na cozinha. Hoje fizemos mirepoix, tomate concassé, fundo de vegetais com sachet d'épices, manteiga clarificada e mais algumas coisas feitas com ossos - me tirando ainda mais a vontade de comer carne.
Saí da cozinha extremamente quente, tirei a touca e respirei ar gélido. Sentado na sombra de uma das árvores, fechei os olhos e deixei meu cabelo fazer cócegas nas pálpebras fechadas, esvaziando a mente.
Também pude ler no ônibus, na volta pra casa, o capítulo em que descreve o banquete do funeral do rei Midas. 

Já tenho uma rotina impregnada em minha vida, a qual um dia, pensei que estaria longe demais, mas tudo passou tão depressa, que tenho a impressão de nunca ter passado pelo que passei, quase não tenho cicatrizes.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Primeiro dia

 Cheguei atrasado, é claro. Esbaforido sentei-me na primeira carteira que vi, ao lado de uma das várias janelas que ocupam quase completamente uma parede. O assoalho de madeira, muito bem encerado rangeu preguiçosamente enquanto esgueirava-me para a fileira que compunha de mesas para canhotos. Demorei um pouco para perceber, olhando para minhas mãos, o fichário e a carteira, de um jeito muito idiota. Vergonhoso.
As duas primeiras aulas seguiu-se de sorrisos alegres, com a professora Amanda. Linda, de bom humor, simpática e linda.
No final da ultima aula do dia, copiei de uma colega a seguinte lista:

Comprar (obrigatoriamente)

- difusor de chá                         
- faca do chef                            
- fouet.                                     
- descascador de legumes         
- medidor de xícara                    
- medidor de colher
- régua de 15 cm
- espátula de silicone
- abridor de latas
- ascendedor
- faca de legumes 

Gastronomia é tão agradável quanto comer, mas por mais que eu ame, sempre, em algum momento, me pego pensando na faculdade de música.
Espero que o resto dos dias desses dois anos sejam tão agradáveis quanto foi hoje. Não vejo a hora de usar a sala de degustação.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Vidas de Papel

 Um dia passei apressadamente por uma loja, e ouvi uma voz feminina longínqua dizendo em tom monótono que uma menina de dezenove anos desapareceu no dia um de janeiro, e a medida que fui me distanciando a voz foi ficando inteligível, e no mesmo instante lembrei de Margo Roth Spiegelman, que cansada de viver uma vida de papel, elabora um plano e se muda de estado.

Não consigo deixar de pensar, imaginando estar no lugar em que instantaneamente comecei a me desesperar, quando descobri o que me fez achar a vida uma coisa tão preocupante. Eu tenho tanta vontade quanto a de Margo, de fugir, deixar tudo para trás, deixar meus problemas. Talvez eu goste da sensação de ir embora, como Q também gostou. Mas eu não posso ir a lugar algum.

O desfecho me deixou um vazio ridiculamente grande, que quase me fez chorar.  Não sei dizer como imaginei um término para o livro, mas imaginei diferente, um fim que não fizesse com que eu achasse a vida sem graça. Não sei se foi o momento ou o que estou passando na vida, só sei que me deixou triste, e indignado com tudo. Ou não, talvez eu só tenha me indignado com a minha vida.

Descobri o quão sabias são as palavras de Whitman, e que a relva é uma metáfora perfeita para tudo. Descobri também que a maior parte do mundo é feito de papel. Pessoas de papel, vivendo vidas de papel, em cidades de papel. Na verdade, descobri que "sou" de papel.

John Green - Cidades de Papel

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eu gosto.

 Gosto da rotina, e sofro com as mudanças que a vida me causa. Gosto também de observar, gosto mais ainda de observar pessoas. Dumbledore devia ter entregado a capa de invisibilidade a mim, não a Harry, assim poderia bisbilhotar as pessoas mais de perto sem que elas me vissem. Além de tudo, o que eu gosto mesmo é de mudar meu quarto. Simplesmente AMO reorganiza-lo, tirar tudo do lugar, e por de novo. Passei minha vida toda transformando o meu refúgio, foram tantas formas, de tantas maneiras, tiveram tantos tipos de propósitos, que quase sou incapaz de lembrar de tudo.

Eu já estava cansado de como meu quarto estava, então fiz um esboço em minha mente e convenci meu irmão de que o ambiente precisava de reformas. Chegamos de viajem e começamos a trabalhar, com MUITA ajuda do meu pai. Foi só um dia inteiro martelando, lixando, medindo, subindo e descendo, um cano furado, muita água e muita canseira, realmente valeu a pena. 
 




Gastronomia estava em minha lista de cursos pra faculdade, aconteceram mil coisas para que o destino decidisse que eu iria cozinhar muito. Estou feliz, mas quem chega perto de mim sente cheiro de ansiedade.