quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Vidas de Papel

 Um dia passei apressadamente por uma loja, e ouvi uma voz feminina longínqua dizendo em tom monótono que uma menina de dezenove anos desapareceu no dia um de janeiro, e a medida que fui me distanciando a voz foi ficando inteligível, e no mesmo instante lembrei de Margo Roth Spiegelman, que cansada de viver uma vida de papel, elabora um plano e se muda de estado.

Não consigo deixar de pensar, imaginando estar no lugar em que instantaneamente comecei a me desesperar, quando descobri o que me fez achar a vida uma coisa tão preocupante. Eu tenho tanta vontade quanto a de Margo, de fugir, deixar tudo para trás, deixar meus problemas. Talvez eu goste da sensação de ir embora, como Q também gostou. Mas eu não posso ir a lugar algum.

O desfecho me deixou um vazio ridiculamente grande, que quase me fez chorar.  Não sei dizer como imaginei um término para o livro, mas imaginei diferente, um fim que não fizesse com que eu achasse a vida sem graça. Não sei se foi o momento ou o que estou passando na vida, só sei que me deixou triste, e indignado com tudo. Ou não, talvez eu só tenha me indignado com a minha vida.

Descobri o quão sabias são as palavras de Whitman, e que a relva é uma metáfora perfeita para tudo. Descobri também que a maior parte do mundo é feito de papel. Pessoas de papel, vivendo vidas de papel, em cidades de papel. Na verdade, descobri que "sou" de papel.

John Green - Cidades de Papel

Um comentário: